Imagem: Reprodução | Adoráveis Mulheres

O Teste de Bechdel e a Representatividade Feminina no Cinema

Muito além de contar mulheres na tela, o teste revela como a indústria ainda falha em dar protagonismo real às personagens femininas

Rebeca Oliveira

02/10/2025 às 15:31

A representação feminina no cinema é um tema que tem sido cada vez mais debatido, mas a simples presença de personagens femininas não garante que essas mulheres tenham profundidade e relevância narrativa. Para medir, de forma minimamente qualitativa, essa presença, o Teste de Bechdel pode ser utilizado como um dos indicadores de representatividade de gênero na indústria cinematográfica. Apesar de suas limitações, o teste se tornou uma ferramenta popular para analisar como as mulheres são retratadas nas telas.

O Teste de Bechdel surgiu em 1985 na tira de quadrinhos “Dykes to Watch Out For”, criada pela cartunista Alison Bechdel. O critério é simples e se baseia em três perguntas:

  1. O filme tem pelo menos duas mulheres com nome?
  2. Elas conversam entre si?
  3. Essa conversa é sobre algo que não seja um homem?

Se a resposta for “não” para qualquer uma dessas questões, ou todas, o filme falhou no teste. Embora pareça um mínimo aceitável, é impressionante como muitas obras aclamadas pelo público e pela crítica não conseguem atender a esses requisitos.

Imagem: Tirinha “Dykes to Watch Out For” | Alison Bechdel

Clássicos que falharam no Teste de Bechdel

Cate Blanchett como Galadriel. Imagem: Reprodução

Mesmo alguns dos filmes mais premiados e populares da história do cinema falham no teste. Alguns exemplos são:

  • “O Senhor dos Anéis” (2001-2003) – Apesar de contar com personagens femininas icônicas como Arwen, Éowyn e Galadriel, suas interações são escassas ou inexistentes.
  • “O Poderoso Chefão” (1972) – O longa é amplamente centrado nos homens da família Corleone, enquanto as mulheres desempenham papéis secundários e passivos.
  • “Star Wars: Uma Nova Esperança” (1977) – Mesmo com a forte presença de Princesa Leia, ela não possui diálogos significativos com outras personagens femininas.

Filmes que passam no Teste de Bechdel

Danai Gurira como Okoye em Pantera Negra. Imagem: Reprodução

Em contrapartida, diversos filmes demonstram que é possível construir narrativas com mulheres bem desenvolvidas e interações relevantes:

  • “Pantera Negra” (2018) – O filme apresenta mulheres notáveis como Shuri, Nakia e Okoye, que dialogam sobre tecnologia, estratégias de batalha e o futuro de Wakanda.
  • “Lady Bird” (2017) – Dirigido por Greta Gerwig, o longa se concentra na relação entre uma mãe e sua filha, abordando questões da adolescência e transição para a vida adulta.
  • “Frozen” (2013) – O enredo gira em torno das irmãs Anna e Elsa, cuja relação é o cerne da história.

O Teste de Bechdel é um indicador suficiente?

Apesar de ser uma ferramenta útil, o Teste de Bechdel tem suas limitações. Um filme pode passar no teste e ainda assim reforçar estereótipos de gênero ou possuir personagens femininas mal desenvolvidas. Da mesma forma, um filme pode falhar no teste e, ainda assim, trazer uma representação feminina significativa.

O ideal é utilizar o Teste de Bechdel como um ponto de partida para uma discussão mais ampla sobre a representatividade feminina no cinema. A indústria cinematográfica precisa ir além do mínimo exigido pelo teste, promovendo a construção de personagens femininas complexas e diversas, refletindo melhor a sociedade em que vivemos.

A próxima vez que você assistir a um filme, tente aplicar o Teste de Bechdel e reflita sobre a representatividade feminina na obra. Seu filme favorito passou no teste? Se não, talvez seja hora de questionar as escolhas narrativas da indústria e exigir mudanças que tornem o cinema um espaço mais inclusivo e igualitário.

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