Metaphor ReFantasio é uma daquelas experiências singulares nos videogames, especialmente em uma época em que a criatividade nos jogos é constantemente questionada. Se eu pudesse descrever essa jornada, diria que ela se assemelha à leitura de um grande livro de fantasia. Cada momento é único, e, desde os primeiros passos da história, você sente as dores e alegrias dos personagens, tornando cada cena memorável.
O jogo nos introduz a um universo fictício com suas próprias regras, raças e desafios. Embora essa fórmula já tenha sido utilizada inúmeras vezes, Metaphor se destaca por sua construção de mundo impecável e singela. Tudo é tão bem elaborado que você se sente parte daquele universo, mergulhado em sua atmosfera fantástica.
Diferente dos jogos modernos que priorizam a cinematografia, no estilo do cinema americano, ele aposta na interatividade, trazendo liberdade e densidade à escolha do jogador. Cada tomada molda seu relacionamento com seus companheiros, desbloqueando histórias paralelas e aprofundando os laços. Isso cria conexões genuínas, tornando-os verdadeiros amigos durante a jornada.
Narrativa
A narrativa segue o padrão da Atlus (empresa responsável pelo jogo): começa com uma premissa simples, mas que se desenvolve de forma surpreendente conforme a jornada avança e novos personagens se juntam à trama. No entanto, Metaphor se destaca de outros jogos da empresa, como Persona 5, onde, a partir de certos eventos, a trama se desenrola e se mantém numa crescente, prendendo a atenção até os créditos finais.
O game conta com o melhor elenco de companheiros da Atlus, sem dúvida. Tendo jogado Persona 3, 4 e 5, posso afirmar que cada personagem aqui é único, com histórias cativantes que despertam o desejo de conhecê-los mais a fundo. Ao descobrir mais do passado de cada amigo, a narrativa só ganha força, engajando o jogador a completar a missão principal do seu personagem e a ajudar seus amigos.
A trama de Metaphor está entre as melhores dos últimos anos: complexa, divertida, estilosa, bem escrita e emocionante. Além disso, traz subtextos importantes para os dias atuais. Recomendo fortemente.
Visual
Seja você fã ou não do estilo visual da série Persona, o trabalho artístico de Shigenori Soejima e de Katsuhara Hashino em Metaphor ReFantasio é simplesmente absurdo. Cada cenário tem uma identidade única, vibrante e cheia de vida. Os menus são um destaque à parte: são os mais estilosos que já vi em mais de duas décadas como jogador, a ponto de querer explorá-los sempre que possível.
Cada raça tem características próprias e bem criativas, enquanto os monstros estão muito bem feitos e assustadores. Não é por acaso que o jogo foi premiado como melhor direção de arte no The Game Awards 2024 (maior premiação de games do ano).
Trilha Sonora
A trilha medieval, épica e envolvente se torna um espetáculo à parte. Cada batalha soa como uma orquestra grandiosa, fazendo-me sentir no meio de um campo de batalha, realizando feitos heróicos, assim como o protagonista. Sem exagero, considero este um dos trabalhos mais primorosos que já pude apreciar em um videogame, já está no meu Spotify como playlist oficial para treinos pesados na academia.
Será que é para você?
Se você gosta de RPGs japoneses de turno, Metaphor é um prato cheio, pode ir sem medo. Todavia, sei que o estilo de combate pode afastar algumas pessoas, mas a Atlus pensou nisso ao oferecer opções de acessibilidade, como níveis de dificuldade ajustáveis e combate automáticos para aqueles que desejam só focar na história, como foi o meu caso.
Durante minhas 60 horas de gameplay, joguei no modo história, pois, apesar de gostar do modo de RPG de turno, esse modo de combate realmente não é meu forte, apesar de, nesse caso, ele ser muito bem feito. Sendo assim, se você é novo no estilo e nos jogos da Atlus, Metaphor pode ser sua porta de entrada perfeita.
Você deve jogar!
Metaphor ReFantasio é uma experiência singular. Com uma história cativante, personagens memoráveis e uma ambientação imersiva, ele convida você a se tornar parte do seu mundo, e faz isso sem que perceba. O jogo te abraça, te traz momentos emocionantes, mesmo que tudo seja fantasia.
Mas, se consegue despertar tantas emoções genuínas, será que é apenas uma fantasia? Afinal…
“Eu gosto do absurdo. Ele acorda as células do cérebro. Fantasia é um ingrediente necessário na vida.” – Dr. Seuss
