Imagem: Reprodução | HBO Max

Os 5 melhores episódios de Sopranos

De crises de ansiedade à brutalidade da máfia, a série criada por David Chase reinventou o drama televisivo ao explorar a mente de Tony Soprano

29/10/2025 às 14:29

Sopranos (1999–2007) é uma das séries mais aclamadas da história da televisão. Criada por David Chase, a obra revolucionou o drama televisivo ao misturar elementos do crime organizado com um profundo estudo de personagens – principalmente seu protagonista. Antes mesmo de outros protagonistas masculinos tóxicos da TV, como Walter White (Breaking Bad) e Don Draper (Mad Men), Tony Soprano foi o alicerce que pavimentou o caminho para todos eles. Um personagem complexo, com camadas suficientes para sustentar várias temporadas.

David Chase começa a série quebrando paradigmas: um chefe da máfia que sofre crises de ansiedade e busca ajuda em sessões de terapia com a psiquiatra Dra. Jennifer Melfi (Lorraine Bracco). Muitos roteiristas se limitariam a retratar Tony Soprano (James Gandolfini) como um “macho alfa” sem medos ou inseguranças. Chase vai além, mostrando as origens emocionais e psicológicas de um homem que se entrega à ação constante para evitar lidar com as consequências de seus atos.

Selecionar os melhores episódios de Sopranos é um desafio. A série passeia entre intensas disputas de poder entre famílias mafiosas, momentos lynchianos (inspirados nas obras de David Lynch), cenas oníricas e um humor tão cínico que é difícil dizer se é intencional ou não. É uma série com algo a oferecer para todo tipo de público.

5. Pilot (1×01)

Direção: David Chase

Imagem: Reprodução | HBO Max

O episódio que deu início a tudo pode parecer estranho ou inconsistente à luz da obra completa. Tony Soprano aparece como o chefe da máfia, embora episódios posteriores deixem claro que Jackie Aprille ainda estava no comando. Há também uma perseguição em plena luz do dia, com inúmeras testemunhas, onde Tony espanca um homem por dívida. Carmela, sua esposa, chega a pegar uma metralhadora, algo fora de personagem, considerando sua postura religiosa e conservadora.

Ainda assim, o episódio já acerta ao mergulhar na psique de Tony. A emblemática cena dos patos, um raro momento em que ele parece genuinamente feliz, simboliza sua inocência quase infantil e o desejo por uma família unida. Quando os patos vão embora, Tony tem seu primeiro ataque de pânico e inicia a terapia. À pergunta de Melfi sobre depressão, ele responde: “Desde que os patos se foram”.

4. D-Girl (2×07)

Direção: Allen Coulter

Imagem: Reprodução | HBO Max

Christopher Moltisanti (Michael Imperioli) é, depois de Tony, o personagem mais complexo da série. Dentre os criminosos, é o único que demonstra ambições além da vida no crime. Ele tem apreço por arte, filosofia e até talento como ator, e D-Girl explora esse lado.

Christopher conhece Amy Safir (Alicia Witt), uma produtora de Hollywood que o incentiva a seguir seu sonho de ser roteirista. Enquanto isso, Tony enfrenta a crescente arrogância e o distanciamento de Chris. O episódio desmistifica o glamour de Hollywood, mostrando que a indústria do entretenimento é tão mafiosa quanto o submundo onde Christopher vive. A participação de Jon Favreau como ele mesmo reforça essa ideia. O episódio termina com Chris em uma encruzilhada moral e existencial, um dos melhores finais da série.

3. Funhouse (2×13)

Direção: John Patterson

Imagem: Reprodução | HBO Max

O final da segunda temporada marca o início do estilo mais experimental de Sopranos, com uma sequência de sonhos febris provocados por comida estragada. Nesses delírios, Tony descobre a traição de Pussy, seu amigo de longa data e informante do FBI.

O episódio é rico em simbolismo. A água do mar invadindo a praia na primeira cena já antecipa o destino de Pussy. Nos sonhos, ele aparece como um peixe falante, uma metáfora poderosa. Existem inúmeras interpretações possíveis para cada sequência onírica. O episódio captura o colapso físico e mental de Tony diante da traição, com maestria. O clímax, quando Tony e seus capangas confrontam o “homem que virou peixe”, é de uma potência simbólica única.

2. Employee of the Month (3×04)

Direção: John Patterson

Imagem: Reprodução | HBO Max

Um dos episódios mais perturbadores da série, e por isso mesmo, controverso. Foca na Dra. Melfi, que é estuprada em um estacionamento. O episódio acompanha sua luta emocional, o trauma e a tentação de recorrer a Tony como instrumento de vingança.

O espectador, assim como Melfi, imagina o que Tony poderia fazer com o estuprador. Mas toda essa expectativa é desfeita na cena final. Melfi, firme, apenas diz: “Não”. Lorraine Bracco entrega uma das melhores atuações da série. Enquanto qualquer outra produção seguiria por um caminho sensacionalista de vingança, David Chase mantém seus personagens fiéis a si mesmos.

1. Pine Barrens (3×11)

Direção: Steve Buscemi

Imagem: Reprodução | HBO Max

Talvez o episódio mais icônico de Sopranos, e com razão. Funciona perfeitamente de forma independente, poderia, facilmente, ser um filme dos irmãos Coen. Trata-se de uma tragicomédia que começa com uma simples cobrança de dívida e se transforma em uma história de sobrevivência absurda.

Paulie Gualtieri (Tony Sirico) brilha neste episódio. Usado frequentemente como alívio cômico, aqui ele também mostra seu lado sociopata. Ele e Christopher perseguem um russo devedor, que aparentemente leva um tiro na cabeça, mas desaparece. A situação se agrava quando eles se perdem numa floresta gelada, sem comida, sem sinal de celular e com um ex-militar russo, possivelmente ainda vivo, à espreita.

É um episódio que mistura humor, tensão e imprevisibilidade como poucos. Memorável do início ao fim.

Últimas Notícias

Nova temporada de O Lótus Branco será filmada em Paris e na Riviera Francesa
Terror erótico Lago dos Ossos, com Marco Pigossi, ganha data de estreia no Brasil
Homicídios ao Domicílio é renovada para 6ª temporada, que será filmada em Londres
John Williams volta a compor para Spielberg em aventura sci-fi sobre UFOs prevista para 2026