Demolidor: Renascido
Demolidor: Renascido

Demolidor: Renascido acerta por pouco

Revival da série quase foi um reboot sem alma da Marvel

22/09/2025 às 4:22

Demolidor: Renascido finalmente foi lançado. Depois de sete anos de protestos pelo cancelamento da série da Netflix, de 2015, o Disney+ trouxe de volta o melhor herói dos quadrinhos — na minha singela opinião. Agora sob o comando de Dario Scardapane e com produção de Kevin Feige, a Marvel tem a chance de usar o personagem de forma mais ativa nas tramas do MCU.

Começamos entendendo por que o Demolidor precisa “renascer”. Vemos a “morte” do herói em um prelúdio que altera completamente o cenário estabelecido na antiga série. Um ano depois, Matt Murdock (Charlie Cox) é apenas um advogado comum, Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio) está solto e vence as eleições para prefeito de Nova York. Há um caos pairando sobre a cidade: policiais estão formando milícias criminosas, novos vigilantes surgem constantemente, e pessoas estão desaparecendo. Este é o cenário que implora pelo retorno do Demolidor.

Imagem: Disney+, Marvel

É complicado resumir essa primeira temporada em uma única crítica. Tirando o elefante rosa da sala: a série é claramente uma colcha de retalhos — ainda que com remendos bem feitos. Há a sensação de que alguns episódios e arcos vieram de outra produção. A fotografia, a direção e até o roteiro mudam. Eventos da série da Netflix são mencionados de repente, e em outros momentos oportunos, são ignorados.

Existem muitas tretas por trás dessa da produção, mas o fato é: os episódios 1, 8 e 9 foram gravados posteriormente devido à recepção negativa dos capítulos já prontos. Os demais mesclam cenas das primeiras filmagens com acréscimos das regravações. A diferença entre esses dois momentos de gravação é significativa.

Os seis episódios iniciais seguem arcos mais episódicos e contidos, quase como uma “aventura da semana”. O episódio 3, que se passa integralmente no tribunal, é um destaque positivo. Já o episódio 5 merece um destaque negativo: mostra Matt lidando com um roubo a banco em uma sequência galhofa, mal dirigida e que pouco acrescenta à trama.

Imagem: Disney+, Marvel

Com algumas exceções, esses episódios iniciais carregam uma pobreza de fotografia e roteiro digna de uma série adolescente da CW. Há uma sensação de artificialidade por trás das cenas, mesmo com o uso de filtros cinematográficos. Elementos marcantes da série da Netflix, como enquadramentos criativos, cenas envolventes e uso expressivo da paleta de cores, estão ausentes aqui.

Em contrapartida, os episódios refeitos demonstram mais personalidade, propósito e criatividade. Existe uma alma por trás deles, algo a ser mostrado. O primeiro episódio regravado (episódio 8) ainda é o mais fraco dos três. A luta entre Demolidor e Mercenário é confusa, com um plano-sequência poluído de CGI para mascarar erros e cortes. Ainda assim, há uma tentativa legítima de apresentar algo fora do convencional.

Imagem: Disney+, Marvel

Os episódios finais são um espetáculo em comparação ao restante da série. Aqui, os diretores se libertam, explorando os poderes do Demolidor por meio do foco e do zoom — como se estivéssemos vendo o que ele ouve. O uso do zoom também é magistral ao destacar diferentes eventos dentro do mesmo quadro, transitando entre diálogos e pequenas ações.

Nesses dois episódios, até as cores contam uma história, com o vermelho e o azul representando a rivalidade eterna entre Demolidor e Mercenário. Apesar de pequenos deslizes, essa direção apresenta uma proposta com identidade e, acima de tudo, criatividade.

De longe, o último episódio é o melhor da série. Mais coisas acontecem nele do que em todo o restante. O ritmo narrativo aproxima-se de uma experiência cinematográfica, funcionando quase como um filme. Esse desfecho entrega tudo o que os fãs da série da Netflix esperavam: a sensação de continuidade.

Imagem: Disney+, Marvel

Com isso, Demolidor: Renascido se encerra em um ponto alto, deixando todos ansiosos pela segunda temporada, prevista para março de 2026. É uma série remendada que, por sorte, deu certo. Mas fica claro que, sem esse “remendo”, teria sido um fracasso. Infelizmente, parte do que era a série antiga nunca mais voltará — nos resta torcer pelo que ainda está por vir.

Nota: 4 de 5

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