No início, a indústria de games era voltada exclusivamente ao público masculino, o que resultava em personagens, jogabilidade e histórias criadas para esse nicho. Desde então, muita coisa mudou, e hoje o público feminino está cada vez mais presente nesse meio. Isso se reflete na quantidade de mulheres representadas nas telas, e uma delas é Sadie Adler, personagem de Red Dead Redemption 2, que apresenta uma imagem diferente do que é ser mulher.
A história de Red Dead Redemption 2 se passa nos Estados Unidos em 1899 e retrata o fim da era do Velho Oeste. O jogo acompanha o declínio e a luta pela sobrevivência das gangues, sob a perspectiva de Arthur Morgan, membro da gangue Van der Linde.
Após um plano malsucedido em Blackwater, a gangue Van der Linde foge em busca de abrigo e suprimentos. Durante a busca, Dutch, Arthur e Micah encontram uma casa invadida pelos O’Driscolls, uma gangue rival. Após um confronto, os Van der Linde saem vitoriosos.
Ao explorarem o local, encontram Sadie Adler escondida no porão, bastante assustada. Ela ameaça Micah com uma faca, mas é acolhida por Dutch. Sadie revela que os O’Driscolls mataram seu marido, Jake Adler, e, temendo por sua vida, ela se escondeu. A gangue decide levá-la consigo.
Durante algum tempo, Sadie continua abalada pela perda do marido. Contudo, após meses, ela começa a se recuperar e a sentir-se parte da gangue. A partir daí, Sadie busca seu espaço no grupo, mostrando suas habilidades em montaria e no manuseio de armas. Ela deseja provar seu valor e continuar o trabalho que fazia com o marido, pois o casal dividia todas as tarefas. Mas, acima de tudo, ela não queria seguir o destino das outras mulheres da gangue, que se dedicavam a cuidar e manter a organização do acampamento.
Sadie representa uma quebra de estereótipos e traz uma nova perspectiva sobre as mulheres na indústria dos games, especialmente no gênero de faroeste, antes dominado por personagens masculinos. Ela não está no típico papel de “donzela em perigo” ou interesse amoroso, mas é uma personagem multifacetada, que luta por justiça e não aceita ser diminuída.
Sua presença é um respiro em uma indústria ainda predominantemente voltada ao público masculino, onde muitas personagens femininas são sexualizadas ou retratadas como doces e inocentes. A diferença no comportamento de Sadie é evidente na fala de sua dubladora, Alex McKenna, em uma entrevista para a GamesRadar: “Eu adoro interpretá-la porque ela não se encaixa em nenhum papel estereotipado”, revela McKenna. Quando questionada sobre um possível romance entre sua personagem e Arthur Morgan, ela respondeu: “Francamente, acho muito mais interessante que ela não tenha interesse nele, porque ela quer ser vista e tratada como uma igual.”
Uma personagem muito famosa na indústria dos games é Jill Valentine, da franquia Resident Evil. Jill é uma policial talentosa, integrante da equipe S.T.A.R.S. (Special Tactics And Rescue Service – Serviço de Resgate e Táticas Especiais). No primeiro jogo da saga, sua roupa era voltada para o fardamento policial, sem destacar seu corpo. No entanto, em Resident Evil 3, ela foi retratada em trajes reveladores, o que abriu espaço para a sexualização da personagem. Assim, mesmo sendo uma protagonista forte e habilidosa, houve uma tentativa de chamar atenção para seu corpo.
Entretanto, isso não aconteceu com Sadie Adler. Ela representa uma mensagem importante para as mulheres, mostrando que podem seguir caminhos diferentes daqueles que a sociedade lhes impõe. Sadie prova para a indústria dos games que personagens femininas não são meros objetos sexuais ou apenas rostos bonitos, mas sim figuras inteligentes, determinadas e com uma grande vontade de provar seu potencial para o mundo.
