South of Midnight é um dos principais lançamentos da Microsoft para o Xbox em 2025. Apresentado pela primeira vez no Xbox Games Showcase de 2023, o jogo chamou a atenção pelo estilo artístico único — inspirado na técnica de stop motion — e por incorporar elementos da mitologia do sul dos Estados Unidos à sua narrativa.
No jogo, controlamos Hazel Flood, moradora da cidade de Próspero. Após perder sua mãe, Lacy Flood, em um furacão, Hazel descobre poderes sobrenaturais e se vê inserida em uma trama folclórica que envolve não só o passado de sua família, mas também o de sua terra natal. Munida das habilidades espirituais da Grande Tecelã, ela parte em busca da mãe enquanto purifica a cidade do Estigma (uma espécie de corrupção) e desvenda segredos até então ocultos.

A trama é relativamente simples, girando em torno de um clássico dilema familiar: relações fragilizadas que se fortalecem ao longo de uma jornada. Ainda assim, simplicidade não significa falta de qualidade. A história consegue entreter e oferecer uma excelente experiência ao jogador.
Hazel interage com diversos personagens — folclóricos ou não — que têm alma e personalidade, o que dá um charme especial à jornada. A narrativa é bem conduzida, e cada capítulo apresenta criaturas e camadas interessantes. No entanto, a reta final parece apressada, como se a Compulsion Games, desenvolvedora do jogo, tivesse sido pressionada a encerrar a produção dentro da janela de lançamento de 2025.
A ambientação sulista é expressa não apenas nos cenários, mas também nos personagens, o que contribui muito para a imersão. Por se tratar de um jogo narrativo, a história é a espinha dorsal da experiência — e South of Midnight cumpre esse papel com maestria. Vale destacar o trabalho dos dubladores, especialmente os responsáveis por Hazel e o Bagre, que entregam atuações memoráveis.

A jogabilidade é simples, mas satisfatória. Temos três pilares: exploração, combate e plataforma.
A exploração, embora limitada, é divertida — principalmente por exigir o uso dos poderes da protagonista para alcançar coletáveis muitas vezes posicionados em locais de difícil acesso. Além disso, há documentos espalhados pelo mundo que expandem o universo do jogo, um atrativo para quem gosta de mergulhar no lore.
O combate se destaca pelas habilidades de tecelã, que são variadas e exigem certa estratégia na administração dos recursos. Com o tempo, porém, as batalhas tornam-se repetitivas — o que é compreensível, visto que o foco do jogo está na narrativa, e o combate serve principalmente para limpar áreas corrompidas pelo Estigma.
A parte de plataforma é bem divertida. Os poderes de Hazel permitem uma movimentação fluida e criativa, que impede o jogo de cair na monotonia entre uma arena e outra. Novas formas de deslocamento são introduzidas ao longo da campanha, trazendo dinamismo à experiência.

Minha única decepção foi com a estética de stop motion. Esse aspecto foi muito enfatizado nos trailers iniciais, mas no jogo completo aparece de forma bastante sutil, perceptível apenas em algumas cutscenes. Isso quebrou um pouco minhas expectativas.
Videogames, assim como o cinema, são obras audiovisuais — e uma boa trilha sonora faz toda a diferença. Nesse ponto, South of Midnight brilha. Se você é fã de country americano, prepare-se: a trilha original é impecável. Além de embalar momentos emocionantes, ela ajuda a contar a história, conectando o jogador ao espírito do sul dos EUA. Cada faixa é pensada para um momento específico, resultando em uma trilha que emociona, engaja e dá identidade ao jogo. Para mim, é uma das melhores do ano.

Vale a pena jogar?
Num cenário em que muitos games parecem genéricos e sem alma, South of Midnight se destaca por sua originalidade. É um jogo simples, mas bem executado. Não tenta ser um blockbuster — e é justamente isso que o torna especial.
Com cerca de 13 horas de duração, é uma ótima pedida para quem busca uma experiência mais contida, longe dos mundos abertos gigantescos e cheios de checklists.
E, claro, tem o fator Game Pass: se você é assinante no PC ou Xbox, vale muito a pena experimentar. É uma oportunidade de ouro para jogar um lançamento de R$250 por apenas R$60 mensais, junto com vários outros títulos.
Portanto, South of Midnight é uma proposta diferente, que entrega uma experiência relaxante e encantadora. Faz o básico com competência — e merece ser jogado, especialmente com o acesso facilitado pelo Game Pass.