Divulgação / Bethesda

Doom: The Dark Ages – Divertido, diferente e ousado

O mais novo Doom inova em muitos aspectos, mais ainda precisa melhorar

Pedro W. S.

10/10/2025 às 19:31

Doom: The Dark Ages é bem interessante. Eu tinha certeza que a id Software, desenvolvedora do jogo, não ia simplesmente fazer um copia e cola do seu antepassado Doom: Eternal, mas a quantidade de conteúdo, as mecânicas, os mapas e a história são quase que completamente diferentes do jogo anterior. Achei que boa parte dessas diferenças fizeram um ótimo trabalho pra variar e melhorar a experiência como um todo; mas certas mudanças também mancharam o que poderia ter sido um upgrade completo ao Doom: Eternal.

Enredo

Doom: The Dark Ages se passa em um cenário próximo ao medieval, antes de Doom (2016), e conta a história do Doomslayer, um guerreiro violento e sanguinário que enfrenta as forças do Inferno. Nesse jogo, o Slayer está sendo controlado por seres extradimensionais, os Maykrs, e é enviado como um agente da guerra contra os demônios, com o objetivo de proteger o planeta dos Sentinelas Noturnos, Argent D’Nur (dos quais o Slayer era um membro antes dos jogos), e combater o príncipe do Inferno, Ahzrak.

Ahzrak, o antagonista. Reprodução / Doom: The Dark Ages

Normalmente, quando vou jogar um jogo nesse estilo, não vou com expectativas altas para a história, já que meu foco costuma ser sempre na gameplay. Mesmo assim, isso não quer dizer que fecho meus olhos toda vez que uma parte da história começa; eu tento prestar a atenção no que estão tentando revelar sobre o mundo e seus personagens, e Doom: The Dark Ages resolveu ser um pouco mais diferente do que o seu antecessor, no sentido de que dão mais foco à história e sua exposição através de cutscenes.

Faço esse esclarecimento para deixar claro então minha opinião: mesmo com esse enredo cheio de nomes épicos e combate contra demônios, fui com expectativas mais ou menos baixas e ainda assim me decepcionei com a história de Doom: The Dark Ages. Os personagens não são nem interessantes nem memoráveis, e a conflito da história não me prendeu em momento algum. Ao longo do jogo, coisas que parecem ser “chocantes” ou “desastrosas” acabam sendo solucionadas bem rápido, basicamente sem consequência alguma.

Se você é uma pessoa que nem eu, e não se interessa tanto assim pelo storytelling de um jogo nesse estilo, ou não tem tanto interesse assim na história de Doom, eu recomendo, honestamente, que clique skip em todas as cutscenes do jogo. Pode confiar, é melhor assim.

Gameplay e o novo Slayer

Dentre todas as distinções que Doom: The Dark Ages têm com os jogos anteriores, é nesta área que se mostram mais extremas, no sentido que é quase uma jogabilidade completamente diferente. A id Software disse adeus à movimentação incrivelmente rápida focada em esquivar do Doom: Eternal, e resolveram seguir com uma abordagem mais “pés no chão”; o Doomslayer parece bem mais pesado e resistente, além de conseguir se mover a atacar de forma muito mais “segura”, graças às mecânicas de bloquear e aparar ataques com o novo Serraescudo.

Doom Slayer com o Serraescudo. Reprodução / Doom: The Dark Ages

Mesmo com o Doomslayer estar mais parecido com um tanque, isso não quer dizer que o jogo perdeu toda sua velocidade: agora com uma forma de se proteger, há um novo incentivo para estar sempre na cara de todo demônio que você enfrenta. Todos os ataques podem ser bloqueados para reduzir o dano recebido por completo, os que possuem uma cor avermelhada gastam um pouco da barra de “bloquear” do escudo, mas os de cor verde podem ser aparados sem gastar qualquer tipo de recurso.

Eu fui muito fã desse modelo; essa nova mecânica forma um estilo de gameplay extremamente fluido, que surpreendentemente trouxe alguns momentos ainda mais satisfatórios do que em Doom: Eternal. Aparar perfeitamente uma série de ataques de uma criatura quatro vezes o seu tamanho e revidar logo depois com um soco na cara traz uma sensação difícil de explicar com simples palavras; precisa jogar pra entender.

Dito isso, fico insatisfeito com outras mudanças, mais especificamente as armas e suas funções. Em Doom: Eternal, quase toda arma tinha um papel específico e um motivo para estar em seu arsenal: a escopeta de combate podia lançar granadas que combatiam demônios específicos, ou o rifle de plasma, que ajudava a explodir inimigos com escudos de energia. No Doom: The Dark Ages, as fraquezas de cada demônio são bem menos complexas, e todas as armas foram reduzidas a uma única função, que é dar dano.

Mesmo com essa simplicidade, a situação fica ainda mais estranha quando se incluem as novas armas corpo-a-corpo. São muito divertidas de usar, e o slow motion após cada pancada adiciona uma sensação de impacto bem relevante, porém, essas armas são extremamente fortes, recarregam mais rápido do que deveriam, são mais seguras do que parecem (obrigado, escudo). Fica difícil justificar o uso estendido de qualquer outro tipo de arma. 

Outra reclamação é sobre a disponibilidade de munição. Simplesmente não existem problemas de munição; você sempre vai ter muito dela. Eu sei que muitas pessoas reclamam desse aspecto do Doom: Eternal de ser forçado a trocar de armas constantemente dependendo do inimigo ou munição disponível, mas acho que existe uma solução menos extrema do que remover quase que por completo essa mecânica, permitindo assim que um jogador use apenas uma arma pelo playthrough inteiro.

Por fim, há “veículos” que o jogador pode pilotar durante certas fases, diferentes do gameplay normal do Doomslayer: o Mechadragão, e o Atlan, que é um robô gigante. O dragão serve para combate e como “carona” para levar o jogador a setores diferentes de determinado nível, enquanto o robô é apenas para determinados combates. Apesar de eu ter achado impressionante o espetáculo dessas partes do jogo, com relação ao gameplay em si, ambos são extremamente fáceis, rasos e repetitivos. Realmente dava vontade de dormir no meio dessas fases, e só não critico mais porque pelos menos são bem curtas e pouco frequentes.

Mechadragão. Reprodução / Doom: The Dark Ages

Level design e ambientação

Esse jogo é bem menos linear do que seu antecessor. Uma parte considerável do jogo se passa em fases com áreas grandes e abertas, que incentivam a exploração e dão liberdade ao jogador a escolher qual caminho, ou luta, que quer enfrentar primeiro. Essas áreas são tão bonitas quanto desoladas, e servem pra representar um campo de batalha perfeito. Nesse sentido, é algo que faz melhor do que Doom: Eternal.

A atmosfera também é ótima e bem variada. Tem um pouco de tudo: de destroços de prédios e carcaças de demônios gigantes largados por aí, como grandes abismos de fogo e lava nas profundezas do inferno, tudo isso traz uma vibe bem sombria ao jogo, que combina bem com esse cenário de guerra que o jogo quer demonstrar. 

Na minha opinião, como alguém que gosta de explorar por completo os mapas nesses tipos de jogo, a estética dos levels são um ponto alto, mas por ele ser maior e menos linear, a busca por colecionáveis (que ficam escondidos ao longo do mapa) pode ficar tão longa e demorada que eu fiquei de saco cheio após apenas poucas horas de exploração. E já que muitos desses itens servem de upgrade para o Doomslayer, ignorá-los não é exatamente uma opção. Algo como uma forma de “viagem rápida”, sendo liberada só após chegar no final da área, poderia ter sido uma forma boa de corrigir isso.

Vale ressaltar também a trilha sonora, que mesmo sendo bem diferente da do famoso compositor Mick Gordon (sentimos sua falta), ainda é aquele heavy metal insano de Doom, que combina perfeitamente com a matança. Meus parabéns aos novos compositores Finishing Move Inc.

Conclusão

Em geral, me diverti bastante com esse jogo. Eu respeito totalmente as tentativas da id Software de sempre fazer um jogo diferente do anterior, mesmo que seja um grande risco para uma franquia tão famosa e bem avaliada quanto Doom. Era muito fácil pra desenvolvedora simplesmente fazer ou Doom: Eternal 2, e só adicionar coisinhas pequenas como armas, inimigos, e fases novas. Eu teria me divertido mais ou dado uma nota melhor? talvez, mas sempre vou preferir jogar algo novo do que só consumir o mesmo tipo de coisa sempre.

Apesar de achar certas coisas do jogo fracas, e algumas vezes até bem ruins, me diverti muito jogando, e é inegável que existem várias melhorias surpreendentes e bem criativas. Tenho certeza que mesmo se o próximo Doom da id Software fizer, mais uma vez, algo completamente diferente, estarei lá para testar.

Nota 4/5

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